Ex-gerente diz que houve direcionamento em licitações

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O deputado Altineu Cortês (PR-RJ) questionou há pouco o ex-gerente de Segurança Empresarial da Petrobras Pedro Aramis sobre as principais descobertas da comissão interna da estatal que investigou denúncias de corrupção envolvendo sobrepreço de contratos, formação de cartel de empresas e pagamento de propina. Cortês quis saber, por exemplo, sobre as suspeitas de sobrepreço na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). “Quem foi apontado culpado por essas irregularidades e quais foram as punições?”, acrescentou Cortês, citando declarações em que Aramis teria dito que “olhando mais de perto se percebe que houve direcionamento nas licitações”. Segundo Aramis, os indícios de direcionamento tem por base sucessivas alterações nas estimativas de custo de obras apresentadas pela Petrobras. “Houve de 6 a 9 situações em que essas estimativas variaram. Em 2 ou 3 casos, elas [as estimativas] aumentaram ou diminuíram ao longo do processo licitatório”, declarou Aramis. Em depoimento à Polícia Federal, no Paraná, ele revelou que empresas que participavam de licitação na Petrobras costumavam apresentar orçamentos muito acima dos custos inicialmente estimados pela estatal. Por conta disso, segundo ele, a equipe de estimativas da Petrobras era instada a ajustar os custos para cima, para adequá-los aos valores propostos pelas empresas. Segundo Aramis, por exemplo, se cinco empresas apresentavam orçamento muito superior ao que a equipe de estimativa da Petrobras apresentava, essa equipe se sentia pressionada a aumentar os valores dos custos para se adequar aos valores das empresas, alegando que houve erro na estimativa. Ainda segundo Aramis, os favorecidos eram as empresas vencedoras das licitações e foram identificados dois culpados. Em resposta ao deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Aramis disse que a segurança empresarial atuava por demanda e é muito difícil identificar ações praticadas à margem do processo. “Quando era identificado algum desvio pela auditoria ou pelo controle externo, eles demandavam a segurança para investigar”, disse Aramis, acrescentando que a segurança empresarial não dispunha de mecanismos de fiscalização. “Se o senhor só agia dessa forma, quando era demandado, então não precisa de segurança empresarial”, rebateu, Faria de Sá. Fonte: Agência Câmara Notícias.