MDS: “Nós somos guardiões dessas crianças”

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“Nós somos guardiões dessas crianças”. É assim que Raniere Lima Dias, 46 anos, define o trabalho da família acolhedora. Há 17 anos, o empresário de Campinas (SP) e a esposa Silvia Helena Ferreira Dias se inscreveram no serviço, que tem por finalidade atender crianças e adolescentes que estão em medida protetiva. Em 1998, quando abrigaram a primeira criança, a família tinha apenas um filho. Passados os anos, a família cresceu. Hoje são três filhos e dez crianças acolhidas já passaram pela vida da família Dias. “A gente tinha a ideia de adotar, mas vimos na proposta do acolhimento uma maneira mais efetiva de ajudar um maior número crianças. E isso nos motivou a entrar no programa.” Uma das principais tarefas da Família Acolhedora é devolver para as crianças o sentimento de convivência e vínculo familiar. O serviço faz parte do Sistema Único de Assistência Social (Suas), que completa 10 anos este ano, e recebe recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). As crianças e adolescentes são indicados ao Família Acolhedora por orientação da Justiça. Geralmente, elas foram afastadas dos pais biológicos por terem sido vítimas de negligência, violência, drogas ou abusos. Solteiros ou casados, a família acolhedora é escolhida e acompanhada por uma equipe de psicólogos e assistentes sociais dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), adequando o perfil da criança e do acolhedor. Hoje, existem 1.433 famílias cadastradas em 315 cidades. As crianças e adolescentes acolhidos passam a seguir a rotina da nova família. Assim como os filhos de Raniere e Silvia, elas vão à escola e ajudam nas tarefas da casa. O carinho e atenção se tornam recorrentes. “Normalmente as crianças chegam com sequelas. Elas estão fragilizadas e com medo por terem sido por alvo de violência física ou psicológica ou outras diversas situações”, avalia o empresário. Há casos de crianças que se retraem e necessitam de estimulo para aprender a se comunicar. O papel da Família Acolhedora é ajudar a desenvolver os potenciais dessas crianças e devolver a elas a convivência com a sociedade. Por isso, o acompanhamento psicológico é importante. As equipes do Creas desenvolvem treinamentos e acompanhamentos psicológicos periódicos para estas famílias. Os temas de discussões são variados, mas a principal questão tratada nos encontros é o sentimento de posse. O serviço não é uma adoção e as famílias devem saber que o trabalho delas é ajudar a criança enquanto aguarda a decisão da Justiça sobre o futuro. O tempo máximo de permanência das crianças na família acolhedora é de dois anos, podendo ser prorrogado por decisão judicial. “Nós somos movidos a atingir o objetivo do acolhimento, que é o retorno da criança ao grupo familiar”, explica Raniere. Para muitos o momento da separação pode ser doloroso, mas, para uma família acolhedora, prevalece o sentimento de que valeu a pena. “E depois de tanto tempo de acolhimento, a gente percebe que aprendemos muito mais com aquelas crianças. E talvez seja esse o motivo que eu e minha esposa não saímos desse programa.” Fonte: MDS.