Bolsa Família completa 12 anos

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Os livros e cadernos de Bruna Pereira Lima são organizados e bem cuidados. Aluna do 6º ano do Centro Fundamental 1 do Lago Norte, em Brasília, a estudante é bem nutrida, saudável e assídua na escola. Diferentemente dos irmãos mais velhos, nunca passou fome, já viajou de avião e tem um aparelho celular para se comunicar com a mãe quando está fora de casa. Aos 12 anos, completados nesta terça-feira (20), Bruna já tem um ano a mais de estudo que a mãe e integra a primeira geração de crianças de baixa renda com acesso à comida, educação e saúde pública no Brasil, beneficiadas pelo Bolsa Família. Nascida em 20 de outubro de 2003, dia em que foi lançado o maior programa de transferência de renda condicionada do mundo, Bruna gosta das aulas de artes, do que aprendeu sobre jardinagem e das experiências de plantar e cuidar de uma horta. Apesar de muito jovem, percebe nos estudos a chance de um futuro profissional que crianças da sua faixa de renda não tinham há 12 anos. “Quero ser advogada. Sei que é importante ser interessada nos estudos.” A afirmação da garota enche de otimismo a mãe, Belaniza da Silva Pereira, de 45 anos, que só estudou até a 5ª série do ensino fundamental. “Se eu não recebesse essa ajuda e minha filha não tivesse o compromisso de ir à escola, certamente ela poderia estar agora na rua brincando em vez de estar na escola estudando”, acredita ela, que passou fome e teve de trabalhar na infância. “Eu digo a eles: estudem para não serem como sua mãe, que ficou na área de serviço como doméstica.” A família de Bruna recebe R$ 229 por mês do Bolsa Família, dinheiro que ajuda a manter a casa e dá melhores condições de vida para ela, a mãe, o pai, os três irmãos e uma sobrinha, com quatro meses de vida. No momento, os pais não têm renda. Fora do programa, os dois filhos mais velhos, Bruno, de 19 anos, e Brenda, de 18, começaram agora a contribuir com a renda da família. Ambos fizeram cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Brenda, que cursou informática, foi encaminhada pelo programa Jovem Candango para uma vaga na Secretaria de Agricultura do Distrito Federal. Bruno fez o curso de eletricista e começou a trabalhar há menos de um mês como porteiro. Com o dinheiro que recebe por mês do Bolsa Família, a mãe, titular do benefício, compra material escolar, comida, uniforme e tênis para os filhos irem para a escola. A casa no Varjão, área carente da capital, é bem cuidada e equipada com TV, geladeira, fogão, batedeira e armários brancos combinando. O terreno onde moram foi doado em 2003, depois de a família ter vivido por oito anos em condições precárias, em uma área de invasão na região. Com renda mensal familiar de menos de R$ 77 por pessoa, Bruna e a família somam-se às 36 milhões de pessoas que vivem fora da extrema pobreza graças ao programa de transferência de renda. Fonte: MDS.