Por entender que está difícil enfrentar as bases partidárias com as acusações de irregularidades que pesam sobre a instituição, o Democratas decidiu, por consenso, pedir ao presidente do Senado, José Sarney, que se afaste da presidência da Casa, para assegurar completa isenção nas investigações hoje conduzidas por comissões de sindicância, Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Polícia Federal.
Ao final da reunião do partido, numa entrevista coletiva, o líder José Agripino disse que, ainda na tarde desta terça-feira (30), em companhia do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), procurará o presidente do Senado para levar esse pedido de licença. Ao mesmo tempo, ele comunicará a decisão ao Plenário. O afastamento é por prazo indeterminado, mas Agripino acha que é por pouco tempo.
- Tenho muito apreço pelo presidente do Senado, mas tenho mais apreço ainda pela instituição a que pertenço. Espero que em pouco tempo se resolva esse assunto. Nosso propósito é garantir isenção às investigações. - disse Agripino ao final da reunião.
No mesmo tom solene, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) falou do constrangimento de se conduzirem essas investigações com o presidente do Senado à frente da instituição.
- O presidente poderia ter-se afastado porque um neto dele era supostamente beneficiário de um esquema aqui dentro. Então hoje já é insuficiente ele simplesmente se afastar do processo. A nossa avaliação é que ele tem que se afastar da cadeira de presidente enquanto as investigações durarem. - disse Demóstenes.
Na entrevista, José Agripino sublinhou que a posição favorável à licença de Sarney é partidária e consensual. O líder do DEM disse que a maior preocupação da legenda é com o day after desta crise. Com a licença, argumentou ele, caso seja inocentado das acusações que sobre ele pesam, Sarney voltará ao cargo de cabeça erguida e o Senado também se soerguerá.
Se as investigações apontarem sua culpabilidade, ele arcará com as responsabilidades. Se a matéria probatória o justificar, ele será submetido a Conselho de Ética. O que o Democratas quer, explicou, é que as investigações se conduzam de forma isenta.
- O que queremos é que isso tudo ocorra sem a tutela presumida. A atitude que tomamos não foi por gosto, mas para nos sintonizarmos com a opinião pública e com o princípio da legalidade.
Indagado sobre o apoio que seu partido deu à eleição de Sarney para a presidência do Senado, José Agripino ponderou que, sendo um partido de oposição, o Democratas não iria votar no candidato do PT.
- Nosso voto no PT não seria aceito pela opinião pública. - disse ele.
Obstrução
Na mesma reunião, o Democratas decidiu por uma obstrução deliberada das votações em Plenário até que se instale a CPI da Petrobrás.
- Pelo nosso voto, não se deliberará nada, aqui dentro, antes da instalação dessa CPI. Aqueles que não estão garantindo número para essa CPI vão ter que responder à opinião pública
Fonte: Teresa Cardoso / Agência Senado