Cras garante proteção social a famílias indígenas
Em Caarapó, interior de Mato Grosso do Sul, o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) faz a diferença na vida das famílias indígenas. O acesso à proteção socioassistencial foi facilitado pela instalação de um Cras na aldeia Te’yiKuê, formada por índios Kaiowá. Lá, eles têm a oportunidade de solicitar documentação, se inscrever no Cadastro Único para Programas Sociais, denunciar violação de direitos, dentre outros serviços.
Atualmente, 545 Cras, em todos os estados, atendem povos indígenas, sendo que 19 estão instaladas dentro das comunidades. “O Brasil apresenta uma diversidade sociocultural e étnica imensa. E os povos indígenas se caracterizam por uma pluralidade muito grande de crenças, línguas e costumes. E também por sua relação com a natureza. Eles têm essas características múltiplas”, explica a coordenadora de Proteção Social Básica do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Maria Helena Tavares.
O diálogo com a Fundação Nacional do Índio (Funai) é fundamental para o sucesso do trabalho desenvolvido pelo Cras, destaca Maria Helena. “O trabalho tem de ser feito de forma acordada e planejada junto ao órgão. Acreditamos que nenhuma política voltada aos povos indígenas possa estar apartada do diálogo com a Funai. E com a política de assistência social não é diferente. Nós temos cada vez mais tentado aprofundar esse diálogo, no sentido de que a assistência possa compreender o que a Funai já acumulou, o que ela tem de expertise no trato com povos indígenas.”
O resultado positivo dessa integração pode ser acompanhada na aldeia Te’yiKuê, que conta atualmente com sete mil índios. Segundo a assistente social do Cras, Nilcileia da Silva Alves Duarte, a unidade teve uma aceitação muito positiva. “Quando nós vamos para fazer a abordagem das famílias, eles nos recebem com muita cordialidade”, conta. Nilcileia reforça que o foco do trabalho é fortalecer e valorizar a cultura da comunidade e combater a histórica vulnerabilidade social. “O ponto alto do Cras fixado dentro da aldeia é a valorização do protagonismo da comunidade e a promoção da autonomia dos grupos que lá existem.”
Para respeitar a cultura indígena, casos de denúncia de violação de direito são tratados primariamente com o líder da aldeia. “Quando há violência contra a criança, por exemplo, nós geralmente não a enviamos para a cidade. Nós a encaminhamos para a liderança da aldeia e ela, junto com o Cras, é que faz o contato com o Conselho Tutelar quando necessita de intervenção maior”, destaca a assistente social. “A liderança da aldeia tem um papel fundamental para o trabalho do Cras. A contribuição deles é primordial para o nosso trabalho lá. Muitas das vezes são eles que se aproximam da gente, procuram a assistente social ou a psicóloga para solicitar ajuda, algum acompanhamento familiar.”
Fonte: MDS.