Há uma discussão ainda submersa, mas que deverá aflorar na campanha para presidente, sobre o que será o pós-Lula. Lula deu outra dimensão à presidência da República, especialmente nos dois últimos anos. Rompeu com os padrões anteriores de fazer política no Brasil, no qual alguns grupos ganhavam enquanto outros perdiam.
O governo Collor precisou romper com o imobilismo e o forte corporativismo dos anos 80. Promoveu um desmonte do Estado – da pior forma possível – e uma abertura da economia – de uma forma bastante eficiente.
Mas havia ganhadores e perdedores. Os ganhadores eram novos grupos, o próprio setor privado, que passou a respirar melhor, fora as jogadas usuais entre governantes e aliados – no caso do uso das moedas da privatização.
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No governo Fernando Henrique Cardoso, apareceram de forma mais nítida vencedores e perdedores. Como vencedores, os novos grupos financeiros. Como perdedores, os industriais, trabalhadores, servidores públicos e população em geral – afetada pela redução de gastos nos serviços públicos.
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Depois de um início claudicante, Lula procurou contentar a todos os setores. Promoveu políticas sociais eficientes, recompôs o claudicante Estado nacional, apoiou os grandes grupos empresariais, permitiu a continuidade dos ganhos do setor financeiro, melhorou o acesso ao crédito.
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Acontece que políticas econômicas não são neutras. Há objetivos conflitantes que podem ser ignorados por algum tempo, mas não para sempre.
O grande desafio do próximo presidente será reorganizar o sistema de prioridades no país, permitindo redirecionamento de setores para contemplar a nova etapa do desenvolvimento.
Tome-se o tal do mercado. Não se trata de uma entidade una e indivisível. No mercado há os que aproveitam os ganhos fáceis da renda fixa – definida pela taxa Selic, do Banco Central. Ou ganham com a valorização do real.
Mas há um contingente cada vez maior de investidores que se voltam para a economia real, investindo em novos setores, como energia, infra-estrutura em geral, ou diretamente ou através do mercado de capitais.
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Às vezes são as mesmas instituições, operando através de departamentos diferentes. E há um conflito latente entre eles. Aumento de juros beneficia o departamento de renda fixa, mas prejudica a bolsa de valores. Apreciação do real permite ganhos de arbitragem de curto prazo mas, a partir de determinado momento, provoca fuga de capitais derrubando as bolsas.
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O desafio do novo governo será completar o trabalho dos últimos anos, avançar em programas estruturantes, tipo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e, principalmente, não permitir que o atual clima, favorável aos investimentos, seja contaminado pela ortodoxia do Banco Central.
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Tempos de eleição tendam a ouriçar os ânimos, o que fortalece posições conservadoras do Banco Central. Mas não se tenha dúvida: independentemente de quem seja eleito, se Dilma Rousseff ou José Serra, antes de tomar posse se estará pensando em como desarmar a armadilha do BC, com juros e câmbio.
Novas regras de mineração estão quase prontas
O novo marco regulatório para a exploração mineral deverá ser entregue ao Poder Executivo dentro de 10 a 15 dias, informou o ministro de Minas e Energia Edison Lobão. Para ele, a atual legislação “data de 40 anos e não serve mais aos melhores e mais legítimos interesses brasileiros. A proposta prevê a profissionalização da extração mineral e produção de fertilizantes, e se for aprovada pela Presidência da República, será encaminhada ao Congresso.
Sarkozy defende equilibrio cambial
O sistema monetário internacional deve ser reformado de forma a corrigir os desequilibrios cambiais que afetam a competitividade das indústrias, disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy. As indústrias europeias estão sendo prejudicadas pela volatilidade do câmbio, acrescenta. Se o dólar perder 50% de seu valor em relação ao euro, como poderemos compensar a perda de competitividade?. Sarkozy pretende discutir o tema na reunião do G20 no fim do ano.
Chile precisa de empréstimos
O Chile vai levar de três a quatro anos para reconstruir a infraestrutura danificada pelo forte terremoto da semana passada, e precisará de recursos financeiros para as obras. Vamos ter de pedir (crédito) e esperamos que via Banco Mundial ou outros mecanismos possamos contar com fundos suficientes, disse a presidente Michelle Bachelet. Os custos de reconstrução foram estimados em até US$ 30 bilhões, cerca de 15% do PIB chileno.
Portugal enfrenta greve
Portugal enfrenta uma greve liderada por funcionários públicos descontentes com as medidas de austeridade baixadas pelo governo. Servidores em escolas, tribunais e hospitais se recusaram a trabalhar nesta quinta-feira, protestando contra a decisão do governo de congelar os salários deste ano. Portugal sofre com o alto endividamento público e enfrenta a desconfiança da comunidade internacional sobre a capacidade de honrar seus compromissos financeiros externos.
Grécia fica na zona do euro, diz Trichet
A hipótese de a Grécia abandonar a zona do euro (bloco de 16 países que adotam a moeda única europeia) é inexistente, disse o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet. A União Europeia achou “convincente”o plano grego de austeridade fiscal e está pronta para apoiar financeiramente a Grécia caso necessário, disse Trichet. Por isto, seria “inadequado” para a Grécia recorrer ao FMI, acrescentou. No entanto, o país não descarta essa possibilidade.
Trabalhadores ameaçam parar na África do Sul
Os sindicatos de trabalhadores da África do Sul prometem greve antes de junho, início da Copa do Mundo. A federação de sindicatos da África do Sul (Cosatu), com quase 2 milhões de membros, é contra o aumento no preço da eletricidade em mais de 25% nos próximos três anos, autorizado pela agência reguladora de energia. Com o aumento, a estatal de energia Eskom quer usar o excedente para ampliar a infraestrutura elétrica do país.