Governo começa a definir taxas de juros

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Mercado aposta em elevação da taxa Selic, estável desde julho de 2009. Pressões inflacionárias devem contribuir para decisão.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia nesta terça-feira (27) a reunião de dois dias que vai definir a nova taxa básica de juros da economia, a Selic, hoje em 8,75% ao ano.

O consenso do mercado é que o BC dará início a um ciclo de aperto monetário, com elevação gradual da taxa. No boletim Focus desta semana, divulgado na segunda-feira pelo BC, os analistas apostavam em alta para 9,25% ao ano esta semana, chegando ao final do ano em 11,75%.

A aposta na elevação dos juros foi reforçada por declarações do presidente do BC, Henrique Meirelles, que disse que agirá fortemente para conter a inflação e garantir que a economia não sofra um superaquecimento.

Ele minimizou as preocupações expressadas por alguns analistas de que o banco deveria ter elevado a taxa de juro em março. Este aumento é esperado para esta semana.

O Banco Central vai adotar medidas fortes para garantir que a inflação atinja a meta no horizonte relevante, afirmou ele.

A taxa Selic está inalterada em 8,75% ao ano desde julho do ano passado, quando sofreu seu último corte. O BC elevou a Selic pela última vez em setembro de 2008, quando a mesma passou de 13% para 13,75%.

Com as perspectivas para a inflação passando do centro da meta, no entanto, o mercado espera uma elevação no custo do dinheiro para conter a escalada de preços. O BC trabalha com uma meta de inflação de 4,5% ao ano, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Os analistas, no entanto, já prevêem que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumule alta de 5,41% este ano, superando o centro da meta. No relatório de inflação divulgado no final de março, o BC já admitiu que a inflação pode encerrar o ano em 5,2%, portanto acima do centro da meta.

“A taxa de juros é um instrumento clássico, eficaz e rápido para o controle de pressões inflacionárias como as que estamos observando. Aliás, essa medida, a rigor, já deveria ter sido tomada anteriormente, quando a pressão inflacionária já demonstrava consistência. Acredito que na próxima reunião o Copom, seja estipulada uma alta de 0,5% da Selic”, diz, em nota, o professor da FGV-EAESP Evaldo Alves.

Na ata da última reunião do Copom, em março, a autoridade monetária já apontava que a Selic deveria ser elevada este mês. O documento apontou que houve consenso entre os membros da diretoria do BC sobre a necessidade de ajustar (para cima) a taxa básica de juros da economia. Com isso, o Copom praticamente confirmou aquilo que o mercado financeiro inteiro já apostava: no início do processo de subida dos juros a partir de abril.

Fonte: Faxaju