Pesquisa mostra que enchentes aumentam em mais de 100% casos de hepatite A

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Enchentes não são novidades na região Norte do país. No entanto, os problemas causados pelo excesso de chuva e pela cheia de rios na região vão além dos econômicos e materiais. Estudo do Instituto Federal do Acre (Ifac) em Rio Branco (AC) mostra que o fenômeno aumenta em mais de 100% os casos de hepatite A. Os pesquisadores comprovaram que no período de alagações há um aumento no número de pessoas infectadas com a doença. Intitulado As Hepatites Virais e as Enchentes em um Município Amazônico, o estudo aponta que houve aumento de 101% no período avaliado. Os pesquisadores usaram números de casos notificados entre 2010 a 2014. Na enchente de 2010, foram 397; e na de 2014, 798 pessoas foram diagnosticadas com as doenças. Nos quatro anos, o número de notificações chegou a 2.886 e todos casos de hepatites virais. De acordo com o professor Farias, a pesquisa ocorreu entre 2016 e 2017 e os estudiosos utilizaram números de notificações registrados no Sistema de Informação Agravos de Notificação (Sinan) do governo federal para chegar à conclusão. “Fomos a fundo para analisar qual era o impacto das enchentes dentro das hepatites virais. Percebemos que tinha uma relação muito grande com a hepatite A, que é da natureza, disse o professor ao afirmar que 46% dos casos registrados no período foram de hepatite A. O estudo apresentou outro dado interessante, mas que segundo Farias ainda precisa ser melhor estudado, um aumento nos casos das hepatites B e C registrados em anos posteriores às enchentes. E mostrou ainda que o nível do Rio Acre oscilou entre 15,33 metros e 17,64 metros, esse último registrado na enchente histórica de 2014. O trabalho foi elaborado pelos professores e doutores Cleilton Sampaio de Farias e Ricardo Pereira, além da aluna Glenna Farias do Ifac e do sociólogo da Prefeitura de Rio Branco, Josué Santos. Informações Diante da informação trazida pelo estudo, a área de Defesa Civil da Confederação Nacional de Municípios (CNM) reforça: além de enchentes, outros desastres são registrados, anualmente, no país por conta do excesso de chuva. Dentre eles: inundações, enchentes, alagamentos enxurradas e deslizamentos. “Dependendo do grau de vulnerabilidade da comunidade afetada, em áreas de riscos, com infraestrutura de saneamento e com serviços de saúde pública deficientes, esses fenômenos podem contribuir para evolução de desastres biológicos”, explica o técnico em Proteção e Defesa Civil da CNM, Johnny Amorim Liberato. Liberato esclarece ainda que após desastres por excesso de chuvas, geralmente, surgem surtos epidêmicos de doenças transmissíveis. Algumas doenças já são relacionadas às chuvas, como por exemplo: dengue, febre amarela, leishmaniose cutânea, leishmaniose visceral, malária, peste e tripanossomíase. Essas doenças são infecciosas, transmitidas por vetores biológicos específicos e podem se proliferar de forma mais rápidas nas ocorrências de inundações, alagamentos, etc. Fonte: CNM, com informações do G1 - Rio Branco (AC)