Erros de quem quebrou, mas abriu outra empresa e acertou

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O empresário Mário Kaphan lembra-se de ter ficado “surpreso e emocionado” ao entrar no prédio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo para visitar um amigo, em meados de 1994. Dono da empresa líder em softwares para comunicação de dados, que tinha 47% do mercado na época, ele viu ali uma tela de computador que conseguia transportá-lo para os corredores do Museu do Louvre. Naquele instante, frente a frente com uma novidade chamada “internet”, Kaphan percebeu que o futuro seria cheio de possibilidades – mas que seu negócio tinha acabado de virar parte do passado.

Foto: Greg Salibian/iG Ampliar

Mário Kaphan: levado ao fracasso – e ao sucesso – pela chegada da internet

A empresa vendia “algo equivalente ao browser de hoje”, explica, referindo-se à janela virtual que é aberta quando você acessa a rede. Tornada obsoleta pela própria internet, não demorou para que a Humana Informativa passasse a ser inviável. Mas o empresário decidiu tentar novamente e fundar outro negócio.

Criou a Vagas, voltada para a parte tecnológica do recrutamento de funcionários – um processo que acabaria turbinado pela própria internet, algoz do empreendimento anterior. A empresa deve terminar o ano com 130 empregados, faturamento de R$ 19,5 milhões – e acaba de ocupar um novo andar num prédio do centro empresarial do Brooklin, área nobre da capital paulista.

Kaphan faz parte de uma classe de empresários que usou o aprendizado de um negócio fracassado em outro posterior, no qual acabou sendo bem sucedido. De acordo com uma pesquisa do SEBRAE-SP, entre os donos de empresas que fecharam as portas nos últimos anos na capital paulista, 16% tornaram-se novamente empresários. “Quando a gente abre o primeiro negócio, é comum termos características perigosas, como pressa ou falta de planejamento”, explica Reinaldo Messias, consultor do SEBRAE-SP. “A chance de acertar no segundo é maior”, diz.

O especialista acredita que seguir na mesma área de atuação – como fez Kaphan, permanecendo no campo da tecnologia da informação – é uma boa ideia. “Tem gente que fica mudando de ramo, pensando ‘o que será que está dando dinheiro agora?’”, diz. “Mas, se você pode levar a experiência da primeira tentativa, fica mais fácil – não precisa ser o mesmo tipo de negócio, mas o mesmo ramo de atividade”, diz. Foi também o que fez o próprio consultor do SEBRAE, quando viu que sua pastelaria estava fritando suas economias pessoais.

Fonte: Pedro Carvalho, iG São Paulo