Raimundo Vieira lamenta retaliações que têm acontecido depois da eleição para o TCE
O deputado Raimundo Vieira (PSL), o Mundinho da Comase, em seu pronunciamento feito na tribuna da Assembléia na tarde segunda-feira (12), lamentou episódios que segundo ele, têm ocorrido depois da eleição na Casa para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, para a qual foi eleita a deputada estadual Susana Azevedo (PSC). Segundo ele, o também candidato à vaga e atual secretário de Estado da Educação, o ex-deputado Belivaldo Chagas, depois da eleição fez retaliações, atitudes que, segundo o deputado, não são do feitio dele.
Raimundo Vieira fez questão de destacar que tem uma grande admiração pelo ex-deputado, mas ressaltou que os deputados não têm culpa nenhuma do que houve nos últimos tempos na área política de Sergipe, com o desentendimento com grupos políticos que apoiavam o governo do Estado. Ele disse que não falava por ele ou por pessoas suas que foram prejudicadas, mas são pessoas que, segundo informações que recebeu, tinham mais de dez anos de terceirização no governo do Estado, mas que depois da eleição para o TCE foram chamadas no gabinete do secretário de Educação e dispensados e, mais ainda, mandadas procurar seus padrinhos políticos que época as colocaram no serviço público.
“São atos que eu venho repudiar, porque não é do feitio do ex-deputado e secretário Belivaldo Chagas e dizer aos nobres colegas que o que está acontecendo no governo que eu votei por dois mandatos e continuo torcendo que dê certo é que hoje o pessoal que comanda as secretarias com essa coalizão que houve o secretário de cada pasta defende seus interesses, faz suas próprias negociações. É muito lamentável o que está acontecendo, esse tipo de perseguição”, afirmou o deputado.
O parlamentar acrescentou que os cargos de direção estão sendo retirados e colocadas outras pessoas sem que haja mais critério algum definido para isso. Segundo ele, hoje em dia é questão de honra de cada político aliado de secretário tirar e colocar pessoas de qualquer jeito. Com isso, disse Raimundo Vieira, o critério acaba sendo o pessoal e como em muitos municípios não tem pessoal qualificado acaba se colocando qualquer pessoa.
O deputado Raimundo Vieira lembrou que nesse cenário político ninguém sabe o que vai acontecer no próximo ano e em 2014. Portanto, disse ele, acha que Belivaldo Chagas se precipitou, porque no próximo ano, como todos sabem como é a política em Sergipe, não se sabe em que lado o senador Antônio Carlos Valadares, que é o líder de seu grupo político, estará. “E não sabemos se o nome de Belivaldo Chagas voltará a esta Casa e ele fica criando essa situação com os deputados, pois o senador pode estar com o grupo político que hoje é oposição no Estado”, disse acrescentando que ninguém pode fazer previsões sobre 2013 e 2014, porque pode errar.
Em seu discurso, o deputado aconselhou o secretário Belivaldo Chagas a se acalmar e ter paciência, pois o grupo político do qual ele faz parte é forte, respeitável, com grandes nomes, e não adianta ficar com essas retaliações. “Porque em 2013 e 2014 ele pode estar nesse quadro”, disse, lembrando que na época do episódio da eleição da Mesa Diretora da Assembleia o ex-deputado achou que o próprio governador tinha se precipitado no que resultou nesses acontecimentos. Vieira disse ainda que nenhum deputado teve culpa pelo rumo que as coisas tomaram.
Tudo de novo
Raimundo Vieira disse que mesmo tendo apoiado o governador Marcelo Déda nas suas duas eleições para o governo do Estado votou na deputada Angélica Guimarães para a Presidência da Assembleia e votaria novamente, porque é um político de opinião. Ele disse que sempre ouviu da boca do governador elogios à pessoa da deputada presidente que é uma pessoa sensata, amiga e companheira, com quem já havia se comprometido desde antes mesmo de retornar à AL.
Ele acrescentou que se na época tivesse tido a oportunidade de aconselhar o governador teria dito a ele que ele tomou uma decisão precipitada, na hora da raiva, com os nervos à flor da pele e o Estado vem arcando com as consequências. Para ele, quem tem culpa do que está acontecendo é a assessoria do governador, pois foi orientado por essas pessoas que ele tomou sua decisão.
“Estou em meu mandato até o dia que Deus quiser e se for para reeleição o povo é quem vai dizer se mereço voltar. Continuo com a cabeça erguida, votando naquilo que acho que é importante para o Estado e vou continuar com as mesmas opiniões, porque não possa amanhecer hoje amigo de Angélica e amanhã alguém dizer que tenho que ser inimigo. Faço política com gratidão, com compromisso e tudo que tem se passado nessa Casa estou de cabeça erguida e se tivesse que fazer faria tudo de novo”, declarou, acrescentando que está tranquilo.
Apartes
O vice-líder da bancada de oposição na Assembleia, deputado Augusto Bezerra (DEM) aparteou o pronunciamento do colega para dizer que todos os colegas conhecem a postura do deputado Raimundo Vieira e sua maneira de agir. Homem que pode até se prejudicar, mas cumpre a palavra dada, característica fundamental à classe política. “Vossa Excelência apoiava o governo e de uma hora para outra foi transformado em inimigo do governo. Essa perseguição é muito pequena para quem conviveu conosco aqui. Não esperava isso nunca de Belivaldo Chagas”, disse.
O deputado Raimundo Vieira disse que a política é passageira e não se pode querer humilhar as pessoas porque está vivendo um momento político ou tendo apoio do governo. Ele afirmou que o cenário político muda muito e ninguém sabe como estará no próximo ano.
O deputado Gilmar Carvalho (PR) também aparteou o discurso do colega e disse que estão cada vez mais raras pessoas como ele, quem mantêm a palavra dada. Para ele, o tempo vai dizer que houve precipitação por parte do governador, que hoje está colhendo os frutos do que plantou. Gilmar lembrou que não existe hoje mais o parlamento que se curvava aos interesses do Estado.
O colega Paulinho da Varzinhas (PTdoB) também afirmou que Raimundo Vieira era um deputado exemplar pelo seu compromisso com as pessoas e seu grupo. “É uma figura rara nesta Casa e na política e posso dizer que tenho um amigo na Assembleia. Parabéns por esse discurso, mas era preciso falar e continue assim”, declarou.
Edjane Oliveira, da Agência Alese