A situação dramática abala até quem está acostumado às durezas do sertão. “Nunca vi os bichos comerem árvore assim, chegarem num pé de árvore, descascarem e comerem a casca, nunca vi”, afirma o agricultor Jorge Silva de Medeiros.
Em algumas comunidades, a situação é ainda mais grave, porque até a palma desapareceu das plantações e, para alimentar o gado, o sertanejo utiliza o recurso que resta. Para isso, é preciso queimar a vegetação da caatinga.
O fogo é utilizado para eliminar os espinhos do facheiro e do xique-xique, cactos típicos da caatinga. É tanta fome que os animais comem em meio às brasas. Para o sertanejo, é uma escolha difícil. Se nós não queimarmos a caatinga, os bichos morrem. Nós acabamos com a caatinga ou acabam os bichos, explica o agricultor Manoel Messias Vieira Santos.
Por sorte, tem essa caatinga. Se não tivesse, não tinha nem o que fazer, porque condições para comprar ração não tem, diz o agricultor José Leandro da Silva.
Em nota divulgada no início da semana, o Governo Federal fez um balanço das principais medidas adotadas para amenizar os efeitos da seca em Sergipe. Além do pagamento do bolsa estiagem para mais de dezesseis mil pessoas, perfazendo um montante superior a R$ 9 milhões, o governo destacou o repasse de R$ 10 milhões para o socorro, assistência às vítimas e restabelecimento de serviços essenciais. E ainda a distribuição de água por meio de carros-pipa em 17 municípios e a autorização para a venda de milho a preços abaixo do mercado para alimentar os animais.
Segundo o serviço de meteorologia de Sergipe, não há previsão de chuva suficiente para o mudar o cenário da estiagem.
Fonte: G1